quarta-feira, 26 de maio de 2010

O DESABROCHAR DA PSICOLOGIA CIENTÍFICA

O DESABROCHAR DA
PSICOLOGIA CIENTÍFICA
Os pioneiros e o pai da psicologia científica

Dois nomes se ligam à data do nascimento da psicologia e disputam a
sua paternidade. São eles: Fechner e Wundt. O nome de Fechner está
relacionado com a publicação de sua obra "Elementos de Psicofísica"
publicada em 1860. O de Wundt está ligado à publicação de seu livro
Elementos de Psicologia Fisiológica, em 1864, e à criação do primeiro
laboratório psicológico, em Leipzig, Alemanha, em 1879. Considerando
qualquer uma dessas datas, o certo é que foi, na segunda metade do século
XIX e na Alemanha, que veio à luz essa nova ciência. Isso não quer dizer que
outros países não participaram do acontecimento. Já foi visto que, tanto na
França como na Inglaterra, essa ciência estava bem representada e, sem
dúvida, esses países colaboraram muito na efetivação desse fato. Os Estados
Unidos, na época, davam os primeiros passos na conquista desses
conhecimentos, com William James em Harvard.
Gustav Theodor Fechner (1801-1887), Alemão. Como foi dito acima, sua
obra Elementos de Psicofísica foi um marco na história da psicologia. O ponto
central de suas preocupações e de sua obra era encontrar a relação existente
entre mente x corpo, físico x psíquico. Adota a idéia do paralelismo,
considerando mente x corpo como sendo duas faces da mesma moeda.
Fechner demonstra que existe uma ligação entre esses dois mundos e é uma
relação matemática, quantitativa. Para chegar a essa conclusão, fez diversas
experiências, testando os processos psicológicos com os métodos das ciências
exatas. Achava que as sensações só poderiam ser testadas através dos
estímulos. Ao modificar um estímulo, aumentando-o ou diminuindo-o, este iria
modificar, mais ou menos, as sensações (relação matemática). Aí estaria a
chave das relações e da unidade pente x corpo. Dessas experiências,
nasceram os métodos psicofísicos, experimentais e quantitativos que
constituíram a sua maior e mais importante contribuição para a história do
desenvolvimento da nova ciência. Foi uma contribuição metodológica. Tais
métodos constituem, ainda hoje, os melhores instrumentos de pesquisa
psicológica e, por isso, pode ser considerado o precursor da psicometria.
Fechner era físico, filósofo e místico. Lutou contra o materialismo e era a
favor do espiritualismo. Tinha a preocupação com Deus e a alma.
Wilhelm Wundt2 (1832-1920). A vida de Wundt e a história da psicologia
foram marcadas pela publicação do livro Elementos de Psicologia Fisiológica e
pela fundação, em Leipzig, do laboratório para pesquisas psicológicas. A
afirmação da psicologia, como ciência autônoma e experimental, liga-se a
esses dois fatos e dão a Wundt a sua paternidade.
Com a publicação do livro Elementos de Psicologia Fisiológica, em 1864,
Wundt reúne, num tronco, as raízes ou tendências científicas e filosóficas da
psicologia que haviam surgido até então. Ficando de fora algumas tendências
isoladas, que foram analisadas no capítulo anterior. Wundt não só reúne, mas
classifica e agrupa os elementos da vida mental, determina o seu objeto e
objetivo, enuncia os seus princípios e os seus problemas, estabelece os
métodos de estudo, enfim, estrutura e normatiza a psicologia. Com isso, dá-lhe,
também, uma nova definição. A psicologia deixa de ser o estudo da vida mental
e da alma e passa a ser o estudo da consciência ou dos fatos conscientes.
Assim estruturada e sistematizada, a psicologia passa a ser uma ciência
autõnoma, não mais um apêndice da filosofia ou da fisiologia.
A fundação do laboratório para pesquisas psicológicas, em 1879, veio
complementar e testar tudo aquilo que já havia sido dito no seu livro. O grande
desafio e principal objetivo era o de estudar os processos mentais através dos
métodos experimentais e quantitativos que eram pertinentes às outras ciências,
mostrando, nessa sua preferência, a influência da raiz ou fonte científica. Os
métodos constituíam o fundamento do seu trabalho. Utilizou a observação, a
experimentação e a quantificação sem, no entanto, desprezar a introspecção.
Limitava a experimentação ao estudo dos conteúdos experimentais básicos,
tais como a sensação e a associação. Como a experimentação inclui a
introspecção, ou seja, aspectos subjetivos, não poderia ser utilizada para os
estudos dos processos mentais mais elevados como o pensamento, criações
artísticas, personalidade, etc. Achava que esses só poderiam ser estudados
através dos produtos sociais e culturais, tais como a linguagem, a arte, os
costumes, as leis, para o que se utilizaria o método histórico e o da
observação. Com isso, se poderia descobrir a natureza dos processos mentais
que geraram aqueles produtos.
Era um elementista. Analisava os compostos e complexos conscientes a
partir dos elementos ou unidades: sensação e sentimentos. Era, também, um
associacionista. No entanto, o resultado das associações não se restringia à
soma das características dos elementos. Para Wundt, a mente executa uma
síntese criadora que John Stuart Mill denominou de química mental. Essa
química mental se processa através da associação que se realiza de três
formas. Pela fusão, onde os elementos combinados aparecem sempre juntos,
como é o caso de uma nota musical dentro de uma música. Pela assimilação,
que é, também, uma combinação de elementos em que nem todos estão
presentes no consciente. Quando se vê uma casa, por exemplo, podem não
estar presentes, na consciência, as figuras que compõem aquela casa
(triângulo, retângulo, quadrado). Como na fusão, essa combinação gera um
produto novo que não é o resultado da simples soma dos elementos. A casa
não é a soma das figuras, ela é um elemento novo. A terceira forma é a
chamada complicação, em que se reúnem elementos de diferentes
modalidades e sentidos: a noção de sabor inclui a de gosto, cheiro e
temperatura.
O materialismo científico também esteve presente no sistema
wunditiano, ao buscar a relação entre os fenômenos psíquicos e fisiológicos,
entre a mente x corpo. A solução, no seu entender, encontrava-se no
paralelismo psicofísico. Isto é, uma mesma causa ou lei causal opera tanto na
esfera dos fenômenos psíquicos, como na dos físicos. Os processos mentais e
os processos corporais e fisiológicos decorrem, paralelamente, sem
interferência mútua.

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